Fazenda vencedora de prêmio internacional é alvo de denúncia por trabalho infantil e condições precárias de trabalhadores; fiscalizações apontaram falhas graves na proteção e no registro dos empregados.
Em um contraste polêmico com a sua recente consagração no Cup of Excellence, a Fazenda Olhos D’Água, produtora de um dos lotes mais bem avaliados de café no Cerrado Mineiro, enfrenta denúncias por práticas trabalhistas irregulares, incluindo o uso de mão de obra infantil. A premiação, apelidada de “Oscar” do café, destacou um lote da Bioma Café com alta pontuação, mas uma investigação de 2022 por Auditores-Fiscais do Trabalho expôs diversas violações.
Entre as constatações da fiscalização está o uso de três adolescentes na colheita, uma atividade listada entre as piores formas de trabalho infantil devido ao esforço físico extremo e à exposição ao clima. A Fazenda Olhos D’Água, comprada em 2016 e renomeada para Fazenda M&F Coffee, também foi autuada por outras 11 irregularidades. O relatório menciona que 20 trabalhadores, sem registro formal em carteira, foram obrigados a realizar suas refeições no chão e sem acesso a banheiros ou água potável.
Além disso, os trabalhadores da fazenda tinham que adquirir, por conta própria, equipamentos de proteção individual, como luvas e óculos, contrariando a legislação. A empresa recebeu multas pelas condições inadequadas, mas um auto de infração específico, que classificava a situação de 20 trabalhadores como análoga à escravidão, foi arquivado após recurso administrativo, evitando a inclusão do nome do proprietário na Lista Suja do trabalho escravo.
Com Informações do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho
Reportagem: Waldeck José
